quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Obra do acaso, pico do baiano

Início de caminhada, no distrito de Morro da Água Quente
Vista geral do caraça, no centro o pico do baiano
No abrigo, nem sabia que ainda faltava tanto para chegar a base da rocha
Agraciados com o alvorecer
É pedra que não acaba mais...
Início de via, duas proteções até a primeira parada, a 55 mts do solo
guilherme Binha em uma das cordadas da via
A neblina tomou conta do ambiente trazendo frio e desânimo na escalada
Todas as reuniões estão sinalizadas, mas mesmo assim à noite é difícil visualizá-las
No cume, sensação indescritível
A pedra do cume
último grampo no frio implacável
Somente estando lá para saber o que é
Visual do cume com destaque para o pico da agulhinha de Catas Altas
prourando as head-lamps, rapelzinho no escuro...

Tratado como referência do montanhismo mineiro e almejado
por muitos escaladores e montanhistas, o pico do baiano, com seus imponentes
2.016 mts, constitui-se como um dos gigantes do caraça, e diante tamanha
imponência, juntei com os amigos André Dedão, Igão Murta e Guilherme Binha para
cometer-mos tal façanha...

Iniciando com uma frustrada viagem que acabou demorando um
pouco mais, e uma caminhada perambulando pelas matas do caraça, conseguimos
chegar no abrigo por volta das seis horas da tarde, horário em que mau
enxergava o caminho, pois o sol já havia se posto e o escurecer dentro da mata
é bem avançado. Mau fizemos um pequeno lanche e já estávamos dormindo
preparando para um longo dia de escalava que se iniciaria pela manhã...

Por volta de cinco da matina juntamos todos os equipamentos
que não iriam para a parede e iniciamos a cansativa caminhada de meia hora até
a base da rocha, trilha esta que cada vez mais se dissolvia na vegetação à
medida em que nós aproximamos da base. Ao chegar na base e fazermos uma pequena
análise, fui eleito a ser o primeiro que faria a frente e a pegar a primeira
cordada, foi extremamente emocionante, pois esta era uma tão sonhada escalada que
há muito gostaria de fazê-la.

Haviam alguns lances com maiores dificuldades, e acabei sendo
contemplado com o lance de 7c, salvo pelo artificial que foi bem tranqüilo,
porém sair do mesmo que achei um pouco complicado, mas após uns cinco minutos
estático consegui fazer a leitura e mandá-lo para cima. Mais algumas cordadas
acima e chegamos em um lance que se encontrava totalmente molhado, e como já
era a minha vez da ponta da corda fui condenado a mandá-lo, fui salvo pelo
estabilizador da mochila que pude usar de stick-clip, pois apesar do lance ser
bem fácil e com exposição mínima, era um pouco drenante mandá-lo com a
sapatilha sem bico e água por todo lado!

Mais algumas enfiadas e finalmente CUME!, foi um dos
fatos mais emocionantes deste ano, colocado como uma das metas de 2011 e
cumprida com folga para outras aventuras...
Após aguardar a outra dupla e assinar o livro, apreciamos o chocolate e
começamos os vários rapéis, que duraram aproximadamente cinco horas, pois no
meio da parede fomos surpreendidos com a corda agarrada e o grande amigo Binha
escalou praticamente às escuras para resgatá-la, chegando na base por volta de
22:15. A caminhada foi tão difícil descendo quanto subindo, pois chegando no
ponto do abrigo meu joelho já reclamava de tamanha inclinação para descer e
após um intervalo na represa chegamos no carro por volta de três da manhã e
continuamente cheguei em casa às cinco e quinze, cansado e com compromissos
pois já era segunda feira...
Valeu pela confiança e espírito de aventura, pois somente boas amizades proporcionam momentos únicos em nossas vidas!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Repetição da via inanição

A natureza é bela, porém perigosa
comemorando a descida
chaminé "rala costas" vacilo de entrar sem camisa
Entrando na última enfiada da via
fendas perfeitas para qualquer tipo de proteção
André Dedão chegando no último platô da via
entrando na chaminé
saindo da segunda parada da via
no crux da primeira enfiada
início da via, várias possibilidades de proteção

Depois de uma semana conturbada, caracterizada pelo início
das aulas e a volta da rotina urbana, sinto a vontade de fazer uma grande via,
sem muitos transtornos, e me junto com o Dedão, um dos parceiros de escalada
para fazer a primeira repetição integral da via inanição, conquistada em janeiro
de 2010, e repetida somente pela metade.
Começamos a jornada por volta de oito da manhã, foi tarde
pois esperávamos mais um escalador para formar o bonde, mas infelismente, por
motivos de trabalho, não pôde participar desta escalada. Por volta de 10:00 hs estávamos
na base da via, e iniciamos a escalada quase que imediatamente, para evitar o
que antes acontecera, voltar para o carro no escuro. O Dedão teve bastante dificuldade
para mandar a primeira cordada, pois ainda não havia se acostumado com a rocha,
e a pequena inclinação negativa tornava um grande desafio para sacar os móveis,
mas depois de uma hora chegou ao platô das árvores, onde pôde descansar na
sombra.
As outras duas cordadas foram mais tranquilas, mas devido
aos descansos onerou um pouco o tempo, onde chegamos no grande platô por volta
de 14:00 hs e ali chegamos a fazer o descanso um pouco mais estendido. Quarenta
minutos depois o Dedão entrou na estreita chaminé e se embolou um pouco devido
a mochila ficar pendurada e para posicionar as proteções era necessário se
entalar nas partes mais estreitas, chegando a reunião em 45 minutos
aproximadamente.
Na sequência fui entrando quinta enfiada que se compreende
em um grande esticão até duas árvores, onde se protege e a partir disso,
deve-se ir pelo platô da direita e ir pela fenda para a esquerda onde há uma
proteção psicológia, mas é um terceiro grau, e a partir daí segue-se pela
esquerda até o platô, confortável para “chamar” o segundo. Para finalizaro o
Dedão entrou na última cordada que foi rápida e tranquila, apesar do movimento
ser um pouco tenso, devido a pequena agarra que se usa para projetar o corpo
para fora da parede, mas não passa de um quinto grau, chegamos ao cume e após o
chocolate e o último grampo caminhávamos para o carro comemorando a repetição
integral da via...
Valeu Dedão pela confiança em tocar pra cima mesmo nas horas
de fadiga intensa e agradeço a DEUS pelo maravilhoso clima que proporcionou
esta grande aventura!!