segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bloco da chilena



 Caminhada pesada
 A caverninha no começo da via
 Lance esquisito da primeira enfiada
 Equalização da P2
 André Dedão na enfiada mais bonita da via
 Diedrando
 Igão, eu e André Dedão na P3
 Recolhendo a bololância pra entrar na chaminé...
 Igão no cume
 Comemorando mais uma via
 Bloco do canino e dentinho, respectivamente, a partir do cume do bloco da chilena
 Mais um bloco com muito potencial
 A linha da via e croqui (clique para ampliar)

Depois de um bom tempo sem voltar no “paraíso perdido” em Igarapé, e breves conversar sobre investidas na região, decidimos entrar em mais um grande bloco que se concentra no alto da serra, precisamente ao lado  esquerdo do dentinho e desde as primeiras idas em Igarapé, já imaginava inúmeras possibilidades de escaladas nas grandes fendas que vão de fora a fora na rocha...

Após alguns pequenos contratempos, iniciamos caminhada por volta de 08:30 e após reabrir a penosa trilha de acesso aos blocos superiores do vale, chegamos a base do grande bloco, local que não investimos antes por possuir um ninho de águia chilena, e na época estava em processo de nidificação, onde mesmo escalando em outros blocos, recebíamos algumas “visitas” (diga-se rasantes) das anfitriãs, impossibilitando a abertura de qualquer via.

Observamos se o referido animal se encontrava ainda por lá, e constatamos que onde havia o ninho anteriormente, já não existia o mesmo, então imediatamente estudamos as possibilidades de usar as inúmeras fraturas na rocha para acessar o cume, usando a que mais parecia favorável a não usar proteções fixas e também a de mais fácil subida.

Primeiramente subimos uns seis metros em solo, para chegar a uma pequena cavidade na rocha que possibilitava se esconder do sol, que já estava alto e bem quente! Igão entrou na primeira enfiada, analisando calmamente a solidez da rocha, pois onde parece que há pedras soltas, as mesmas estão firmemente fixas na rocha, e encontrando um pequeno platô, fez uma boa equalização consolidando aquele local como a primeira parada. Ininterruptamente mandei pra cima e chamei o Dedão, e logo entrei na outra cordada onde após passar por um pequeno platô que deve dar um quinto grau, cheguei a outro bem amplo e exposto, e dali chamei os outros dois participantes.

Dali pra cima é que era o filé, onde partia um lindo diedro que havia sido visualisado pela base e prometia uma linda escalada, esta que o Dedão já roía os dedos para mandar, pois seria a primeira via em móvel que ele entraria conquistando...

Para acessar o diedro foi necessário o uso de uma pequena ferramenta, a foice, pois o capim meloso que nos acompanhou desde o começo da caminhada se encontra até nos altos cumes isolados desta serra, demonstrando a triste proliferação de uma planta não nativa, introduzida ali para fins pecuários, e após “limpar” aquela etapa da escalada, mandou uma linda enfiada, a mais bonita da via, tanto técnica quanto visual e estabeleceu a parada em um grande platô, que imaginávamos ser o cume, mas ainda tinha mais um bom trecho de rocha para ser mandado...

A última cordada se inicia em uma grande chaminé, mas por motivos óbvios a escalada só se inicia dentro da mesma, desviando então para a borda da fenda e entrando depois em um diedro acima, esta cordada foi liderada pelo Igão e foi mandada sem nenhuma proteção, pois a própria fenda não favorece a instalação de muitas peças e devido ao tempo foi a melhor forma de se fazer para terminar a via o mais rápido o possível.

A chegada ao cume foi bem comemorada, onde tomamos um bom chá quente e degustamos alguns pedaços de bolo, pois o chocolate do cume desta vez havíamos esquecido...

Tiramos algumas fotos e fomos procurar o acesso a base, evitando assim fixar grampos para fazer rapel e descobrimos que ao desescalar alguns trechos conseguimos chegar à base do bloco do dentinho, onde já havia uma trilha consolidada do caminho de volta ao carro.

No caminho de volta decidimos nomear a via chamando-a de “aos pés da chilena”, pois no decorrer da escalada visualisamos um casal de águias-chilena (provavelmente a que já se encontrava no local) carregando pequenos galhos, o que deduzimos ser a construção de um novo ninho por aquelas bandas. Agradeço mais uma vez pelos bons companheiros que acreditaram no sucesso da nossa investida neste que parece ser um setor bem promissor...