Domingo, 1º de Setembro de 2013,
os primeiros sinais do amanhecer incidem sobre o ambiente, ainda não há luz
direta, somente o início do alvor, um leve tom azulado paira sobre as plantas e
o imponente maciço rochoso se pronuncia vários metros acima.
Quando os primeiros raios do sol
começam a se manifestar, uma voz suplicante quebra o silêncio quase inexistente
devido aos ventos cortantes me intimando a levantar: “Tá na hora Thunder, temos
que render o dia!”. O sono em conjunto com a preguiça, aguçada perante aquele
frio intenso, só tornava mais penoso o trabalho de abrir o saco de dormir e
cobrir o corpo com agasalhos, mas se fosse para fazer algo, teria que ser
naquela hora!
Experimentei os “sanduíches”
feitos pela Natália e elaborados pelo Tigrão, que se provaram ser um bom
alimento da montanha, devido ao fácil preparo e aquecimento, este foi o
café-da-manhã...
Passamos as últimas orientações à
“equipe de base” e a partir dali iniciamos a caminhada rumo ao pé de um grande
diedro, visualizado desde o distrito de Morro d’água Quente, que antes se
mantinha intocado, porém devido a investida anterior executada pelos
montanhistas Felipe Dias e Gustavo Viana “Tigrão” favoreceram a elevar a minha
participação neste grande feito. Chegando na base do então “projeto
Novo Aeon” observei que aquele que é o real local de bivaque
do baiano, onde a própria disposição das árvores favorece sombra durante o dia
todo e o ambiente era menos exposto ao vento, após organizar os equipos
iniciamos a jornada do misto de jumarear as poucas cordas fixas e escalar os
trechos já conquistados.
A primeira cordada já demonstra o
nível de exposição da via, onde as escassas proteções, a maioria móveis,
indicam que a capacidade do escalador que queira entrar nesta via vai muito
além do domínio técnico, intensificando o controle psicológico e a habilidade
de leitura da rota mais facilitada. Esta cordada é caracterizada pelo
escorrimento de água em alguns pontos distintos, mas que se concentram apenas
nesta etapa, necessitando de cuidado na hora de se recolher a corda após o
rapel, devido ao empoçamento de água em sua base, onde fomos contemplados com o
encharcamento da corda. As cordadas posteriores são também expostas, porém com
dificuldade técnica de 4º e 5º graus, alternados por lances de sétimo, estes
bem protegidos. Após a exposta quinta enfiada chega-se a um grande platô
denominado pelo Felipe e Tigrão como “platô da revelação” e esconde uma
imponente cordada mista, que além de trazer uma bela escalada em fendas e aderência,
exige de muita habilidade técnica por parte do escalador. Pouco mais acima na nona
enfiada, a grande fenda que vai de fora-a-fora no grande diedro alarga-se,
favorecendo a ascenção internamente a rocha, relembrando as belas chaminés clássicas,
características do montanhismo em geral, sendo denominada “portal do novo aeon”
ali deve-se lembrar que o rapel é externo e a parada se encontra fora da chaminé,
no bico que se pronuncia pouco abaixo do final da mesma. Dali parte-se para um
trepa-mato em solo até outro grande platô e dali deve-se iniciar a escalada bem
a esquerda do mesmo, onde após pouco mais de quinze metros escalados
encontra-se a outra parada de rapel, esta que deve ser ignorada como parada de
escalada e usada apenas como proteção da via. Mais uma enfiada tranqüila acima
e finalmente CUME! Chegamos por volta de 18:00 hs, e após uma breve comemoração
com direito ao valioso chocolate do cume e anotações no livro destinado aos
aventureiros que alcançam este belo lugar iniciamos os rapéis montanha abaixo,
este que se mostrou oposto ao rapel feito no dia anterior, onde perdemos
durante um bom tempo procurando a parada para ancoragem, devido as faixas
sinalizadoras (fitas reflexivas) dispostas em cada parada da via.
Agradeço ao grande companheiro Gustavo
Viana “Tigrão” por confiar e acreditar na minha participação perante esta
conquista, ao montanhista Felipe Dias por participar do início deste grande feito
e poder proporcionar a comunidade montanhista mais uma bela via de acesso ao
cume do Baiano, e principalmente a DEUS por possibilitar tantas emoções junto a
bela natureza existente em nosso planeta!
Gustavo Viana "Tigrão" jumareando na segunda enfiada da via
Tigrão repetindo a 5a enfiada, uma das mais expostas da via
Descansando no grande "platô da revelação"
sexta enfiada, a mais bela da via
Tigrão retrogrampeando o crux da 6a enfiada, tornando-a menos exposta
Tigrão na sétima enfiada, a que mais exige habilidades técnicas e psicológicas
Conquistando a oitava enfiada, toda em móvel
Chaminé clássica, detalhe do "portal do Novo Aeon"
Conquistando a 11a enfiada, começa no artificial (A1/7b) continuando com 5o grau
Na 12a enfiada, a última antes do cume
Assinando o livro, por volta de 18:00 hs
Equipe reunida: Renato Franco, Thunder, Tigrão e Natália
Linha da via com destaque para os pontos de rapel
Croqui da via, falta repetição para a confirmação de grau
Gustavo Viana "Tigrão" jumareando na segunda enfiada da via
Tigrão repetindo a 5a enfiada, uma das mais expostas da via
Descansando no grande "platô da revelação"
sexta enfiada, a mais bela da via
Tigrão retrogrampeando o crux da 6a enfiada, tornando-a menos exposta
Tigrão na sétima enfiada, a que mais exige habilidades técnicas e psicológicas
Conquistando a oitava enfiada, toda em móvel
Chaminé clássica, detalhe do "portal do Novo Aeon"
Conquistando a 11a enfiada, começa no artificial (A1/7b) continuando com 5o grau
Na 12a enfiada, a última antes do cume
Assinando o livro, por volta de 18:00 hs
Equipe reunida: Renato Franco, Thunder, Tigrão e Natália
Linha da via com destaque para os pontos de rapel
Croqui da via, falta repetição para a confirmação de grau
Face Leste do Pico do Baiano com seus imponentes 2016 mts de altitude e 650 mts de rocha
Eu que agradeço a companhia mano...
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